sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Está de férias? Conheça um alambique

A gente já te disse que a melhor viagem para as suas férias é para algum alambique. A dica para esta época do ano é fazer um roteiro de lugares produtores de cachaça artesanal e viajar pelos aromas, sabores e histórias que a bebida pode trazer. 

Até mesmo para quem não quer ir longe, vale procurar pelos alambiques da região onde mora. 

Anote mais esta dica: matéria da Veja Rio que conta com um roteiro de viagem para quem está ou pretende visitar o Estado do Rio de Janeiro. 

Seja com esse mapa, com o seu próprio ou seguindo os alambiques da sua região, uma coisa é certa: sua viagem promete grandes descobertasaromas diferenciadossabores inusitados, momentos de alegria com a caninhabrindes de ano novo e muito mais! BOA VIAGEM, BOAS FESTAS E UM EXCELENTE 2013! 



A rota da cachaça

Alambiques do interior do estado se destacam pela produção artesanal da bebida, conquistam mercado e atraem visitantes

Ano após ano, milhares de viajantes embarcam rumo à França e à Itália para conhecer de perto algumas das vinícolas mais famosas do mundo. Aliando o passeio por belas paisagens à cultura da região, o enoturismo começa a fazer escola por aqui. Só que, no lugar dos vinhos, o que move os turistas pelo interior do estado do Rio é a cachaça. Com setenta produtores cadastrados, a rota em torno da caninha reúne propriedades localizadas de norte a sul do nosso mapa. Encravados na costa verde, no litoral oeste, estão alguns dos alambiques mais antigos do país, um deles com mais de 200 anos de atividade. Já na região do Vale do Café, no sul fluminense, municípios como Valença, Rio das Flores e Miguel Pereira abrigam engenhos responsáveis por marcas premiadas que, assim como os bons tintos, passam anos em barris de carvalho para envelhecer. O mesmo acontece em Nova Friburgo, com a tradicional Nega Fulô, e no extremo norte, com a novata São Miguel, fabricada há apenas três anos. "A cachaça deixou de ser marginalizada para ganhar status de bebida nobre, instigando as pessoas a provar novos rótulos e conhecer mais a fundo origens e características", afirma Kátia Espírito Santo, presidente da Associação dos Produtores do Estado do Rio de Janeiro. 

Enquanto outros Estados se destacam pela produção industrial da bebida, o Rio ganha mercado com as versões artesanais, título dado aos exemplares elaborados sem aditivos químicos, extraídos em pequenas propriedades de administração familiar. É o caso da cachaça Maria Izabel, elaborada em uma região conhecida como Corumbê, próximo a Parati. Em um modesto sítio, de apenas 3 hectares, a produtora que deu seu nome à marca planta e colhe a cana-de-açúcar e comanda todo o processamento da bebida, feita com a receita criada pelo seu trisavô e passada de geração em geração. Tudo à disposição dos curiosos, que podem fazer uma visita guiada pela área rural, com os alambiques de cobre, os tonéis de jequitibá e carvalho, e ainda provar os diferentes sabores. Uma das cachaças, de tonalidade azulada, graças às folhas de tangerina misturadas durante a destilação, é feita em pequenas quantidades e, por isso, servida apenas no local.

Atento ao filão turístico, Haroldo Carneiro da Silva, da cachaçaria São Miguel, investiu em uma recepção à altura para contar a história da aguardente, que remonta à época da colonização portuguesa, quando o cultivo da cana-de-açúcar deslanchou como a principal atividade extrativista do país. Em Quissamã, ele construiu uma torre de tijolos idêntica àquela que havia no engenho central da cidade, já desativado. Depois, montou uma peça de teatro sobre a trajetória da região, que desde a primeira metade do século XVII mantém forte tradição na produção canavieira. O programa só termina depois do almoço, com pratos e sobremesas típicos e a degustação dos rótulos fabricados na propriedade. Como manda o decreto que regula a bebida, todos eles têm graduação alcoólica elevada, entre 38% e 48%. "Desde que assumi o engenho, que está na minha família há sete gerações, percebi que havia uma demanda por esse tipo de atração. As pessoas batiam na nossa porta pedindo para entrar e decidimos nos preparar para recebê-las", afirma o empresário.

Recentemente promovida a Patrimônio Histórico Cultural do Estado do Rio, a cachaça também recebeu tratamento especial no mercado externo. Desde abril, graças ao acordo firmado entre o Brasil e os Estados Unidos, só o produto fabricado no nosso país poderá ser comercializado com esse nome na terra de Obama. A medida significará um aumento expressivo nas exportações e ajudará a posicionar a branquinha na rota do turismo internacional, assim como aconteceu com os champanhes franceses e os brunellos italianos, quando passaram a contar com o selo de denominação de origem, criado pelos seus respectivos governos. Para abrigar o legado da aguardente, a terceira bebida destilada mais consumida no mundo e a primeira por aqui, está sendo projetado o Museu Brasileiro da Cachaça. Com previsão de ser instalado no interior do estado, o local pretende aproximar o público de um artigo genuinamente nacional. O que não falta são histórias para contar e rótulos para beber.


Fonte: Veja Rio

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O peru e a cachaça!

“Passou a semana toda falando no peru. Na sexta-feira, anunciou que havia comprado o peru. No sábado, que o peru já estava bebendo cachaça e que seria executado à tarde” 
Nestor de Holanda, Telha de Vidro, Brasil Editora, 1967.


Não se sabe se dar cachaça ao peru para melhorar a carne é mito ou verdade. Alguns entusiastas da prática dizem que esse é sucesso da ceia! Contam que é graças à cachaça que a ave morre alegre e descontraída, garantindo a maciez e sabor de sua carne.

Independente de crenças populares, uma coisa é fato: cachaça combina com bons pratos. Seja na hora de cozinhar ou na harmonização de diferentes tipos de prato com a caninha. Cada região do país tem seus costumes e tradições, mas o que sempre dá certo é a bebida para abrir e fechar as refeições pra lá de brasileiras como a feijoada, tutu, carne-de-sol, feijão tropeiro, acarajé, entre tantas outras. Só de falar já dá aquela vontade!

Do requintado até o prato mais simples, a cachaça pode ser um importante ingrediente, basta usar a criatividade, inovar, experimentar! Em pratos flambados, por exemplo, ao invés de usar o conhaque, por que não a cachaça? Com certeza ela trará um sabor diferenciado às suas criações.

Vale lembrar que a qualidade da bebida também vai influenciar. Experimente as envelhecidas em diferentes tipos de madeira e descubra a que mais combina com sua comida!

Leva essa dica para a sua ceia e garanta o sucesso deste Natal. Confira receita de Peru com cachaça!


Peru dourado na cachaça com farofa verde e amarela 


Peru e molho
1 peru inteiro de uns 4 kg (se quiser, reserve os miúdos, picadinhos, para o preparo da farofa)
100 g de manteiga
1/4 de maço de salsinha e de cebolinha verde picadas
2 folhas de louro
2 limões lavados e cortados ao meio
8 dentes de alho 
1 litro de cachaça
Sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto
Óleo de oliva para untar a assadeira e pincelar o peru


Farofa
1 concha da gordura da assadeira do peru
1 xícara (chá) do molho da assadeira do peru
25 g de manteiga
1 cebola grande em cubinhos
1 xícara (chá) de azeitona verde em lascas
2 xícaras (chá) de milho verde bem macio em conserva
4 xícaras (chá) de farinha de mandioca crua
1 xícara (chá) de salsinha e cebolinha verde bem picadas
2 ovos cozidos bem picados
Sal a gosto


Peru e molho 
1. Com cuidado, solte e levante a pele do peito e das coxas do peru, espalhe a manteiga diretamente sobre a carne, polvilhe com sal e pimenta, distribua metade das folhas de salsinha e metade da cebolinha sobre as partes mais carnudas e volte com a pele para o lugar. 

2. Polvilhe a cavidade do peru com mais sal e pimenta, coloque as folhas de louro, o restante da salsinha e da cebolinha, as metades dos limões e os dentes de alho.

3. Disponha o peru no centro de uma assadeira grande untada com óleo de oliva e regue-o com 3/4 da cachaça. Cubra tudo com papelalumínio e leve ao forno preaquecido em temperatura média (180°C), por aproximadamente três horas, banhando o peru de vez em quando com o líquido que vai se formando na assadeira.

4. Descarte o papel-alumínio, aumente a temperatura do forno para alta (220ºC), pincele o peru com óleo de oliva e volte com ele ao forno, por cerca de 40 minutos, até que fique bem dourado e macio (teste o cozimento verificando se a coxa se movimenta com facilidade e espetando a parte mais carnuda com um garfo para ver se os sucos sobem claros). Retire então o peru do forno e passe-o para uma travessa de servir.

5. Transfira uma concha da gordura da assadeira para uma panela grande, onde será feita a farofa.
6. Para o molho, despeje a cachaça restante na assadeira e raspe o fundo com uma colher de pau. Leve a assadeira ao fogo e deixe ferver por alguns minutos. Coe o molho, descartando a gordura excedente e ajuste o sal e a pimenta. Transfira uma xícara do molho para a panela onde será feita a farofa, reservando o molho que sobrou para servir com o peru. 


Farofa 
7. Leve ao fogo a gordura e o molho que estão na panela, junte a manteiga e espere se derreter, acrescente a cebola e deixe dourar. Se quiser, coloque os miúdos do peru e misture bem. Adicione a azeitona, o milho, deixe mais um tempo no fogo para os miúdos cozinharem e acrescente a farinha aos poucos, misturando até umedecer. Junte a salsinha, a cebolinha verde, os ovos e ajuste o sal. 

Finalização 
8. Sirva o peru na travessa, com a farofa e o molho quente. 

Receita: Revista Gosto

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Cadeia da cachaça terá manual de boas práticas de produção

Muita gente sabe que nossa bebida é exportada para diversos países e é cada vez mais valorizada em todo o mundo, seja para degustação pura, em drinks ou na culinária.

Ao lado do aumento do número de litros exportados a cada ano, deve crescer também a padronização e legitimação da cachaça no Brasil. Apesar de já ter ganho status de bebida de classe, diversas vezes ainda esbarra no preconceito dentro de nosso país.

Mais uma vitória para a bebida acaba de ser anunciada: um manual de boas práticas para a produção que será lançado em 2013. Confira texto divulgado pelo Ministério da Agricultura e veja nosso vídeo sobre a produção da cachaça! 





Cadeia da cachaça terá manual de boas práticas de produção 

Trabalho é coordenado pelo Sebrae, com o apoio dos representantes do setor das diferentes regiões produtoras do País 

O mercado brasileiro de cachaça mantém o ritmo de crescimento constante dos últimos anos e para avançar na qualidade do produto, genuinamente nacional, o setor lançará em 2013, o manual de boas práticas da cachaça. O material, que está em fase de construção, foi um dos principais assuntos discutidos na 35ª Reunião da Cadeia Produtiva da Cachaça, realizada na sede do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), na manhã desta quarta-feira, dia 12. 

Representantes do setor discutiram ainda propostas e medidas que auxiliem no desenvolvimento do segmento, um dos que mais emprega e gera renda no País. Hoje, a cadeia emprega mais de 120 mil pessoas, direta e indiretamente, para a produção de cerca de 900 milhões de litros de cachaça por ano. A maior parte do que é produzido no Brasil tem como destino o mercado doméstico.

Os produtores estão empenhados na melhoria da qualidade do produto para impulsionar ainda mais o setor e garantir maior competitividade no mercado internacional e, para tanto, aguardam o resultado do programa de monitoramento, onde foram coletadas amostras do produto. O objetivo desta ação é verificar a qualidade da produção para poder promover a maior inserção da bebida nos mercados, valorizando o produto também no exterior.

Na pauta do encontro, foram discutidas ainda a Instrução Normativa (IN) que trata do Envelhecimento do produto, o reconhecimento da cachaça nos Estados Unidos, entre outras questões relativas ao Mercosul. A proposta para o retorno da cachaça ao Simples Nacional, programa que unifica impostos e concede benefícios a micro e pequenos empresários, foi um dos destaques da pauta da última reunião anual da Câmara Setorial da Cachaça.

Para o setor, trazer a cachaça para o Simples irá ajudar no processo de formalidade e garantir um produto apto para consumo, além de aumentar a base de arrecadação.


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Centenário de Luiz Gonzaga

No dia 13 de dezembro de 1912, uma sexta-feira, nascia em Exu (PE) um dos maiores brasileiros de todos os tempos: Luiz Gonzaga Nascimento.

Já aos oito anos de idade, já demonstrava a aptidão para a música quando substituiu um sanfoneiro em uma tradicional festa de sua cidade. Foi a partir daí que vários convites surgiram e o artista foi ganhando fama em sua região.

Luiz Gonzaga faleceu em 1989 e foi o grande responsável por popularizar o forró, o baião e outros ritmos nordestinos pelo Brasil. Para o ex-ministro da Cultura, Gilberto Gil, o Rei do Baião foi o primeiro representante significativo "do ponto de vista da cultura de massas no Brasil".

É pela sua importância que o Clube deixa aqui sua homenagem ao artista, que completaria 100 anos hoje. 




Na última sexta-feira, dia 07 de dezembro, o Diário de Pernambuco preparou uma reportagem sobre os sabores apreciados pelo sanfoneiro. No final da reportagem o destaque foi para a cachaça. 

Confira as imagens do jornal e o texto, que coloca nossa parceira Sanhaçu como um dos sabores que o Luiz Gonzaga apreciaria. 



A branquinha não pode faltar

Embora não bebesse muito, Luiz Gonzaga não abria mão de uma “branquinha” antes do almoço. Dizia que era para abrir o apetite. Todos os dias, religiosamente, repetia o ritual. Sua preferida era a Mucuri, que não é mais fabricada. Passava o limão na borda do copo, batia um pouco e depois adicionava dois dedinhos de cachaça. Hoje, caso o Rei do Baião estivesse vivo, quais seriam as cachaças que mais lhe agradariam? O Gastrô selecionou rótulos reconhecidos nacionalmente para aguçar a sua curiosidade.

Serviço
Cachaçaria Minha Deusa
Endereço: largo da Encruzilhada, Box 141, 142
Funcionamento: de segunda a sexta-feira, de 6h30 às 17h/ Sábado até às 18h, e domingo até às 12h


1) SANHAÇU

Produzida em Chã Grande, Zona da Mata de Pernambuco, o rótulo fica armazenado por dois anos em toneis de freijó, uma madeira da Amazônia que não transmite cor ao produto. Curiosamente, a fermentação é realizada ao som de música clássica. R$ 35 (600ml) 40% graduação alcoólica.

2) CARVALHEIRA

Fruto de uma árvore originária da Península Ibérica da qual se constroem os melhores barris e toneis para o envelhecimento de destilados, o rótulo passa por um processo de envelhecimento em barris de carvalho, recebendo uma dose de extrato natural de canela. R$ 30 (700ml) 38% graduação alcoólica

3) ANÍSIO SANTIAGO

Homônima ao precursor da cachaça de Salinas como negócio, Anísio é considerada um mito entre os admiradores da “branquinha” . Envelhecida por cerca de 10 anos na madeira bálsamo, típica em Salinas (MG), o rótulo tem gosto e sabor peculiares. R$650 (600ml) 45% graduação alcoólica

4) GERMANA

Em pesquisa, os irmãos produtores identificaram que a palavra germana designa algo sem mistura, puro, genuíno, consolidando o nome da bebida, produzida em Nova União (MG). Envelhecida por dois anos em carvalho, o rótulo tem o tipo de fermento pé-de-cuba. É produzida em alambique. R$ 60 (600ml ) Graduação alcoólica 40%

5 ) SELETA

Uma das marcas artesanais mais vendidas no país, a cachaça é armazenada em barris de umburana (Salinas – MG), planta conhecida por suas características curativas e digestivas, o que lhe confere uma grande suavidade e sabor potente que a tornam perfeita como digestivo. R$ 35 (670ml), 40% graduação alcoólica

5) CANARINHA

Produzida em Salinas (MG), a bebida é envelhecida em toneis de bálsamo, por três anos, e engarrafada em vidro escuro com tampa de metal. Possui aroma forte e apimentado, o que não a deixa menos intensa e persistente no nariz. R$ 120 (600ml) , 44% graduação alcoólica


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Receita de Lombo Flambado na Cachaça

Criatividade é uma coisa fundamental. Na hora de cozinhar não é diferente. Mesmo quem não tem curso de culinária ou muito tempo de prática, consegue preparar pratos simples e caprichados quando se tem criatividade e dedicação!

Sabe de outra coisa na cozinha? Muitas vezes menos é mais. Simplicidade e amor ao que se faz são os ingredientes básicos para se fazer um prato diferente e delicioso.

Lombo suíno, cachaça, suco de laranja e temperos básicos são suficientes para que a grande Chef Elzinha Nunes prepare um prato de dar água na boca. Confira no vídeo e mãos à obra!


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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Da cabaça à taça


O amigo e mestre Jairo Martins dá uma aula da história da cachaça, mostra toda sua paixão pela bebida e entre suas preferidas aparece a nossa parceira Sanhaçu em uma viagem de sabores pelo Brasil. “A Retiro Velho, de Minas Gerais; a Sanhaçu, de Pernambuco; a Da Quinta, no Rio de Janeiro e a Weber Haus, no Rio Grande do Sul”, elenca o cachacista

Em matéria da Revista Dinheiro Rural, Martins conta como se iniciou no universo da cachaça e da importância do trabalho de disseminação da nossa cultura em diferentes partes do Brasil e do mundo. Mesmo trabalho desempenhado pelo Clube do Alambique! Confira a matéria.


Da cabaça à taça

Beber cachaça pode ser tão chique quanto degustar um uísque escocês. É isso que os fabricantes da bebida pretendem mostrar aos consumidores brasileiros. 



Alécia Pontes

Ela é uma trepadeira que cresce no campo, tem flores amarelas e dá frutos. Conhecido como cabaça ou porongo, depois de seco, esse fruto serve de vasilha para alimento, moringa d’água, amplificador de som e já foi até citado em obras de literatura como Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa. Mas no Campo, a utilidade mais apreciada para uma cabaça é servir de recipiente para beber uma boa cachaça. Ou, como preferem outros, a abençoada, a abrideira, birita, mandureba, mé e queima goela. O fato é que a cachaça está saindo cada vez mais da cabaça e indo para a taça, um movimento que pode ser facilmente comprovado nas grandes cidades do País. “Beber cachaça é tão chique quanto degustar um uísque escocês”, diz o pernambucano Jairo Martins da Silva, um especialista na bebida. Na primeira semana de setembro ele acompanhou a Dinheiro Rural em um passeio pelo Mercadão Municipal de São Paulo, durante a 21ª Feira e Festival Internacional da Cachaça, a ExpoCachaça Dose Dupla. A feira, realizada desde 1998, em belo Horizonte, no mês de junho, acontece pela segunda vez na capital paulista. Entre garrafas, frutas, verduras e carnes, Martins da Silva fez o que mais gosta: falar da sua bebida preferida e contar histórias. Claro, sobre ela, a cachaça.


Martins da Silva nem sempre foi um sommelier de cachaça, ou melhor, cachacista, como gosta de ser chamado. Engenheiro eletrônico de formação, ele era diretor da Siemens, multinacional alemã do setor de engenharia elétrica e eletrônica, para quem trabalhou no Brasil e na Alemanha, quando resolveu trocar, em 1995, o mundo das gravatas e viagens internacionais por uma taça de cachaça e roteiros nem sempre confortáveis pelo interior do País. “Queria tempo para mostrar que a bebida pode ter qualidade e ser degustada tanto quanto os destilados mais apreciados no mundo”, diz. “Os árabes têm o arak, os italianos a grappa, os escoceses o uísque, os russos a vodca, os japoneses o saquê. Então, viva a cachaça.” 

Desde que transformou esse bordão em estilo de vida o cachacista frequentou inúmeros cursos de análise sensorial produção de destilados e sistema de certificação de bebidas no Brasil, Alemanha e Áustria. Hoje ele se dedica à divulgação da cachaça, especialmente no País. Na sua rotina estão degustações, cursos, conferências e aulas em universidades, como na Anhembi Morumbi, em São Paulo.

No dia 8 de setembro, Martins da Silva era um dos palestrantes da ExpoCachaça. Ele foi falar sobre a arte de harmonizar a bebida na gastronomia. O cachacista também figura como personalidade de destaque em instituições como o Instituto Brasileiro da Cachaça, além de ser consultor especial da Câmera Setorial da Cachaça, do Ministério da Agricultura. Martins da Silva é também um literato. Em 2006, ele publicou o livro Cachaça: o mais brasileiro dos prazeres , no qual aborda as peculiaridades do destilado. E, olha que não são poucas. A bebida pode ser descansada, branca, nova, prata ou tradicional; envelhecida, amarela ou ouro; premium, extra premium, reserva especial ou adoçada.

A cachaça é a denominação exclusiva da aguardente de cana-de-açúcar produzida no Brasil, com graduação alcoólica de 38% a 48% em volume, a 20°C. ela é resultado da destilação do mosto fermentado do caldo de cana, podendo ainda ter seis gramas de açúcares por litro. Para adquirir características como cor, aroma e paladar, a cachaça deve descansar de dois a quatro meses para, só então, ser engarrafada ou envelhecida em toneis de madeira. São Paulo é o Estado que mais produz a cachaça industrial. Minas Gerais concentra a produção artesanal, que representa cerca de 10% do total, de 1,5 bilhão de litros processados em 2011. No País há cerca de 40 mil produtores da bebida. “Existem mais de quatro mil marcas industriais e artesanais no País”, afirma Martins da Silva. “Eu tenho as minhas prediletas”. E vai logo elencando, na forma de um roteiro pelo País: a Retiro Velho, de Minas Gerais; a Sanhaçu, de Pernambuco; a Da Quinta, no Rio de Janeiro; Weber Haus, no Rio Grande do Sul.

É justamente nas marcas artesanais que Martins da Silva aposta para mudar o conceito de marginalidade que a bebida, geralmente associada a um produto de categoria inferior, apreciada por consumidores de menor poder aquisitivo, ainda tem no País. O consumo anual per capita de 9,4 litros está concentrado majoritariamente nas classes C e D. Segundo o cachacista, para mudar de vez esse cenário, o País precisa de padronização de processos de produção, para dar garantias ao consumidor. “Falta, também, mais marketing associando a bebida à nossa cultura”, diz. 

Tempo de convivência com a cachaça é o que não falta. Foi das mãos de escravos africanos, de imigrantes portugueses e de índios, no início da história do Brasil, que nasceu a bebida que mais simboliza o espírito descontraído do brasileiro. “Durante os movimentos separatistas ocorridos no período da colonização portuguesa, a cachaça era símbolo de nacionalismo e democracia”, diz Martins da Silva. Em 1789, os intelectuais sacerdotes e militares, envolvidos na Inconfidência Mineira, consumiam cachaça para demonstrar patriotismo, renegando os produtos vindos de Portugal. “Na Revolução Pernambucana de 1817, a cachaça também foi símbolo de protesto contra o domínio português.”

No entanto, o prestígio da bebida foi por terra após a libertação dos escravos em 1888. Por causa de seu baixo preço, era fácil um negro liberto arrumar algumas moedas para uma dose. Em muitos casos a cachaça passou a servir de lenitivo para os que perambulavam pelas ruas. “Essa época foi a responsável pela fama negativa da cachaça”, afirma Martins da Silva.

Depois disso, foram séculos de marginalização e descriminalização. Somente a partir da metade da década de 1980, com os avanços tecnológicos e com a globalização da economia, as técnicas agrícolas e produtivas – especialmente em Minas Gerais – permitiram a elaboração de cachaças de qualidade. Uma delas é a Cachaça Pendão da fazenda Xodó, em Itatiaiuçu, distante 70km de Belo Horizonte. Na ExpoCachaça, a marca foi premiada entre as melhores bebidas inscritas em uma degustação que reuniu 67 cachaças superiores. Giovanni Viotti, dono da Xodó, conta que a bebida é um engócio de família desde 1992, quando o alambique começou a tomar o espaço das vacas leiteiras da fazenda. “Como nasceu dentro de casa, ela levou o apelido de meu pai, José Onofre, que era chamada de Pendão”, diz. “E assim ficou”.

A cachaça, hoje, é o principal produto da fazenda. Ela pode ser envelhecida em toneis de madeira de amburana, de carvalho ou a mais comum, a bidestilada e armazenada em garrafa transparente, ideal para o preparo de drinques e caipirinhas. Mas, o verdadeiro xodó dos Viotti é a Pendão Black Diamond, lançada neste ano.
A Black Diamond leva a assinatura do Master Blender, Armando del Bianco, que selecionou toneis com capacidade de encorpar a bebida com aromas de madeira, frutas, creme e baunilha. O investimento para sua elaboração foi de R$500 mil, com produção limitada a 500 garrafas por lote. Viotti diz que a expectativa de crescimento da empresa com a nova bebida é triplicar o faturamento. “Queremos conquistar as pessoas com uma bebida de textura suave e aromas riquíssimos”, afirma. Uma garrafa da cachaça custa pelo menos R$350. A produção total da marca é de 600 mil litros por ano.

Imagens: Agência IstoÉ

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Sobremesa refrescante para o verão

Verão está chegando e não é só a caipirinha que pode ajudar na hora de refrescar. Quem acompanha nosso blog sabe que a cachaça conquista cada vez mais culturas distintas e faz sucesso no Brasil e no mundo com diferentes coquetéis.

A dica de hoje é grande prova que a bebida alcance vários públicos e hábitos. Para você que quer se refrescar de forma inusitada neste verão, a dica vem direto da Revista Época São Paulo com sobremesa de Gelan de Cachaça, que leva limão e Agar Agar. Confira a deliciosa receita.


GELAN DE CACHAÇA

Ingredientes
200 ml de cachaça
1 colher (sobremesa) Agar Agar
400 ml de água
1 limão inteiro (cerca de 50ml de suco de limão)
150g de açúcar
1 pitada de corante verde


Modo de preparo
Misture a água, a cachaça, o açúcar e o limão. Divida em duas partes. Adicione a uma das partes o Agar Agar e leve ao fogo até levantar fervura. Assim que ferver, acrescente o corante e mexa até dissolver muito bem, sem deixar grumos.
Coloque o líquido em uma forma de silicone e leve para o freezer por aproximadamente 4 horas. Corte em cubos, passe no açúcar cristal e sirva em taças de Martini. Se tiver formas de silicone, os cubos ficarão menores, mas o resultado será o mesmo.

Adeo Cuisine. Alameda Jaú, 1.203, Jardim Paulista – São Paulo.Tel. 3061-3937. adeocuisine.com.br


terça-feira, 13 de novembro de 2012

Clube do Alambique organiza 2ª Confraria Feminina de Cachaça


 O novo encontro falará sobre a produção da bebida

Com o tema “A produção da cachaça”, o Clube do Alambique, em parceria com o Cherubin Grill & Bar e a chef Elzinha Nunes, organiza a 2ª Confraria Feminina de Cachaça, que acontecerá nesta quinta-feira (15/11), em São Paulo.
“O propósito do evento é disseminar a cultura da apreciação da bebida, quebrando vários tabus e, ao mesmo tempo, mostrando que a cachaça combina com ambientes requintados e alta gastronomia”, conta a proprietária do Clube do Alambique, Ariana Gomes de Souza.
Além de apresentar o universo do destilado, a confraria contará com informações sobre a história e as características da bebida, sua produção, harmonização com diferentes tipos de pratos e seu uso na culinária e em drinques e mostrará os elementos da análise sensorial da cachaça.
Segundo Ariana Gomes, ainda falta o brasileiro reconhecer a qualidade da bebida nacional. “O mundo inteiro já descobriu o valor da cachaça, usando-a em coquetéis e na gastronomia, muito além da caipirinha”, conclui.
As melhores cachaças do Brasil poderão ser degustadas com pastéis mistos, carne seca acebolada puxada na manteiga de garrafa e drinks.
A 2ª Confraria Feminina de Cachaça acontecerá nesta quinta-feira, 15 de novembro, às 16h, no Cherubin Grill & Bar. O investimento é de R$ 55.

Sobre o Clube do Alambique
A história da empresa tem origem nos anseios do senhor Adelmo Francisco Silva, homem simples e empreendedor, que transformou as terras de sua família numa propriedade fértil, gerando retorno e sustento.
Sua neta Ariana acompanhou as pesquisas, viagens e projetos que originou o seu último empreendimento, iniciado em 2006, com a plantação do canavial e a construção de um alambique de excelência. Em 2008, produziu a primeira safra de uma bebida típica brasileira, reconhecida e apreciada internacionalmente: a cachaça.
Em 2009, com a partida prematura do patriarca, a neta abraçou o sonho do avô, fez o curso de mestre alambiqueiro e iniciou sua caminhada no mundo da cultura da cachaça.
Ariana uniu-se à irmã Anita Flávia e fundou o Clube do Alambique, com o propósito de disseminar a cultura da apreciação do destilado, promover o encontro de produtores, especialistas e apreciadores da bebida brasileira e oferecer safras com alta qualidade, selecionadas em todo o Brasil.
Com o objetivo de comercializar as cachaças selecionadas pelo Clube do Alambique, as irmãs fundaram, em 23 de julho de 2010, a empresa Três Paixões do Brasil, selando no nome as três grandes paixões que o querido avô Adelmo cultivou: VIDA, FAMÍLIA e AMIGOS!


2ª Confraria Feminina de Cachaça
Data: quinta-feira, dia 15 de novembro, às 16h
Local: Av. Lavandisca, 457, Moema – São Paulo (SP)
Telefone: (11) 4195-3813
Investimento: R$ 55,00

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Clube do Alambique organiza 1ª Confraria de Cachaça de Americana


Evento promete reunir especialistas e entusiastas da bebida nacional


Com o tema “Será a cachaça a bebida do planeta?”, o Clube do Alambique, em parceria com o Empório Meat Company e Doceria Dolcce, organiza a 1ª Confraria de Cachaça de Americana (SP), que acontecerá neste sábado (10/11).
“O propósito do evento é disseminar a cultura da apreciação da bebida, quebrando vários tabus e, ao mesmo tempo, mostrando que a cachaça combina com ambientes requintados e alta gastronomia”, conta a proprietária do Clube do Alambique, Ariana Gomes de Souza.
Além de apresentar o universo do destilado aos diferentes tipos de público, a confraria contará com informações sobre a história e as características da bebida, como a harmonização com diferentes tipos de pratos e seu uso na culinária e em drinques, e ainda apresentará os elementos da análise sensorial da cachaça. Por se tratar de uma bebida complexa, visão, olfato e paladar devem ser utilizados em sua apreciação.
Segundo Ariana Gomes, ainda falta o brasileiro reconhecer a qualidade da bebida nacional. “O mundo inteiro já descobriu o valor da cachaça, usando-a em coquetéis e na gastronomia, muito além da caipirinha”, conclui.
As melhores cachaças do Brasil poderão ser degustadas em um almoço com ampla mesa de saladas e frios, cortes especiais de picanha, contrafilé chorizo, carré de carneiro, linguiça, frango e arroz. Também haverá sobremesas da Doceria e Sorveteria Dolcce.
A 1ª Confraria de Cachaça de Americana acontecerá neste sábado, 10 de novembro, das 11h às 16h, no Empório Meat Company. O investimento é de R$ 55.

Sobre o Clube do Alambique
A história da empresa tem origem nos anseios do senhor Adelmo Francisco Silva, homem simples e empreendedor, que transformou as terras de sua família numa propriedade fértil, gerando retorno e sustento.
Sua neta Ariana acompanhou as pesquisas, viagens e projetos que originou o seu último empreendimento, iniciado em 2006, com a plantação do canavial e a construção de um alambique de excelência. Em 2008, produziu a primeira safra de uma bebida típica brasileira, reconhecida e apreciada internacionalmente: a cachaça.
Em 2009, com a partida prematura do patriarca, a neta abraçou o sonho do avô, fez o curso de mestre alambiqueiro e iniciou sua caminhada no mundo da cultura da cachaça.
Ariana uniu-se à irmã Anita Flávia e fundou o Clube do Alambique, com o propósito de disseminar a cultura da apreciação do destilado, promover o encontro de produtores, especialistas e apreciadores da bebida brasileira e oferecer safras com alta qualidade, selecionadas em todo o Brasil.
Com o objetivo de comercializar as cachaças selecionadas pelo Clube do Alambique, as irmãs fundaram, em 23 de julho de 2010, a empresa Três Paixões do Brasil, selando no nome as três grandes paixões que o querido avô Adelmo cultivou: VIDA, FAMÍLIA e AMIGOS!

Serviço
1ª Confraria de Cachaça de Americana
Data: sábado, dia 10 de novembro, das 11 às 16h
Local: Rua das Paineiras, 189 – Jardim São Paulo - Americana (SP)
Telefone: (19) 3645-0063
Investimento: R$ 55,00

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Cachaça e pamonha com requinte

Todo mundo sabe – ou está na hora de aprender – que nossa bebida vai bem com diferentes pratos da culinária nacional e internacional

Mais: a cachaça combina com diferentes tipos de ambientes e situações. Do caipira ao requintado.

Matéria da Folha de São Paulo que fala sobre pamonha salgada traz como destaque o filé-mignon ao molho de cachaça envelhecida acompanhado por essa delícia caipira!

Leia a matéria, descubra novos sabores e ainda aprenda a preparar o prato.



Pamonha salgada conquista chefs, que fazem versões até com cachaça


Por DANIELLE NAGASE

"Não dá para trocar por batata?". Cássio Machado, chef do Carmen di Granato, em São Paulo, já ouviu várias vezes essa pergunta de quem estranha a pamonha no seu prato de filé-mignon ao molho de cachaça envelhecida.
Tão comum em Estados como Goiás e Minas, a pamonha salgada ainda causa incômodo por aqui, seja como entrada ou acompanhamento de pratos principais.
Um estranhamento que está com os dias contados. Pelo menos, se depender de chefs como ele e Jefferson Rueda, do Attimo.
Rueda, que nasceu na cidade de São José do Rio Pardo, quase na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, conhece desde pequeno o preparo salgado. Em seu restaurante, que tem pratos de inspiração ítalo-caipira, ele diz que não poderia deixá-la de fora.
Uma das entradas do cardápio é de pamonha recheada com codeguim (um embutido italiano feito de porco) com creme de queijo taleggio.
Para fazer a versão salgada em casa, a dica dos chefs é combinar a pamonha com carnes -tanto vermelhas quanto brancas- e queijos, em especial os cremosos e a mozarela de búfala.
Em países que têm receitas-irmãs da pamonha -caso dos tamales e das humitas- a versão salgada do prato é mais popular que a doce.
Para Jorge da Hora, especialista em cozinha brasileira e chef do Grande Hotel São Pedro, a resistência à pamonha de sal em São Paulo impede que as pessoas tenham novas experiências gastronômicas. "Se é boa doce, por que não provar salgada?".

PAMONHA, PAMONHA, PAMONHA
Versatilidade. Essa é, segundo os chefs de cozinha de São Paulo que começaram a adotá-la, a qualidade da pamonha que mais os atrai.
Uma massa leve, que permite um verdadeiro leque de combinações -de alfavaca a foie gras, de salada de cebola a molho com especiarias, nozes e chocolate.
Na maior parte dos restaurantes que servem entradas ou pratos principais com pamonha, os ingredientes usados para a massa são os mesmos da receita tradicional-milho verde ralado, leite, pitadas de açúcar e sal. O jeito de fazer também -a mistura é batida, coada e cozida.
O que mudou, pelo menos para os paulistanos, mais acostumados à versão doce da receita, foi o lugar que a pamonha ocupa na refeição.
No Praça São Lourenço, por exemplo, ela aparece como guarnição, acompanhando o galeto assado regado ao azeite de alho, com limão e ervas. Para o chef, Felipe Mirasierras, a pamonha salgada é uma alternativa à batata e uma forma de incrementar o visual do prato, já que ali ela é servida na palha.
No Rothko, a combinação do chef Diego Belda é ousada, numa linha "caipira-chique". Ele faz a sua pamonha com foie gras. O restaurante não tem cardápio fixo, mas a dupla de ingredientes -que num primeiro momento causa nos clientes certo espanto- agrada tanto que quase sempre vai parar na lousa que mostra os pratos do dia.
Mas nem só de acompanhamentos vive a pamonha salgada. Ela também pode ser encontrada sozinha. No Tubaína Bar, é servida frita, como um petisco.
No Brasil, o consumo do milho começou com os índios. Ficou nas mãos dos portugueses e africanos o aperfeiçoamento das receitas. Mas não se sabe, ao certo, a origem da receita de pamonha -cuja autoria é disputada pelos Estados de Goiás e Minas Gerais.
Restou a São Paulo a gostosa missão de pensar em novas combinações. Para o chef e especialista em cozinha brasileira Jorge da Hora, vale ousar. "Pamonha vai bem com carne-seca, pequi, queijo de coalho, tambaqui. As possibilidades são muitas. E deliciosas".


PAÍSES TÊM RECEITAS IRMÃS DA PAMONHA
Quem vai ao México e aos países da América do Sul encontra receitas com milho parecidas com a da pamonha. São os tamales (mexicanos) e as humitas (do Chile, do Equador, da Bolívia e da Argentina).
Nos três casos, os ingredientes e o modo de preparo são praticamente os mesmos. O que muda é a consistência da massa e os acompanhamentos. "O tamale é mais mole, menos adocicado e costuma ser servido em folha de bananeira", diz a chef mexicana Lourdes Hernández.
Segundo Elba Castro, do chileno El Guaton, a humita também tem consistência mais pastosa. 

Karime Xavier/Folhapress

Filé mignon ao molho de cachaça e pamonha de milho verde, do restaurante Carmen Di Granato (r. Aspicuelta, 268, Vila Madalena, tel. 0/xx/11/2362-5817).


INGREDIENTES
100g Manteiga (para a manteiga de cachaça)
5g Noz-moscada (para a manteiga de cachaça)
1 ramo Tomilho (para a manteiga de cachaça)
10g Açúcar mascavo (para a manteiga de cachaça)
45ml Cachaça envelhecida (para a manteiga de cachaça)
220g Filé mignon (para o filé mignon)
Sal e pimenta a gosto (para o filé mignon)
20ml Cachaça (para o filé mignon)
6 Espigas de milho cruas (para a pamonha salgada)
50g Manteiga (para a pamonha salgada)
Sal e pimenta a gosto (para a pamonha salgada)


MODO DE PREPARO
Manteiga de cachaça
- Deixe a manteiga em temperatura ambiente e adicione todos os ingredientes (noz-moscada, açúcar mascavo, cachaça envelhecida e o tomilho)
- Misture todos os ingredientes até que se torne uma mistura homogênea
- Leve novamente à geladeira para que volte ao ponto de manteiga

Filé mignon
- Leve o filé mignon em uma grelha bem quente e tempere ainda no fogo
- Deixe a carne de acordo com o ponto preferido
- Retire o filé mignon e flambe numa frigideira com a cachaça
- Depois de flambar, retire a frigideira do fogo e adicione uma colher de sopa da manteiga de cachaça e sirva

Pamonha salgada
- Com uma faca, tire os grãos das espigas e bata no liquidificador
- Adicione manteiga, sal e pimenta
- Num papel filme derrame aproximadamente 300g da mistura do milho, num molde de salsichão
- Amarre o papel filme nos dois lados, bem firme, e levar para a água já fervendo
- Deixe por 50 minutos para o cozimento


quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Homenagem a Carlos Drummond de Andrade

Há 110 nascia o grande poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade. Muito mais do que saudade e nostalgia, o dia 31 de outubro deve ser lembrado e reverenciado pela vasta obra do autor, marcada pelos vários caminhos que a poesia moderna nacional tomou.

Esse grande artista nascido em Itabira, no Estado de Minas Gerais, deixou uma obra com grande diversidade de temas, frases e poemas célebres. “Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo” e “Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade” são apenas algumas das máximas do autor.

Sua poesia e o “ser poeta” era a redenção de Drummond, sua consolação, sua cachaça, como ele mesmo escreveu em “Explicação”, do seu primeiro livro, Alguma Poesia (1930).

Carlos Drummond faleceu em 17 de agosto de 1987 aos 84 anos no Rio de Janeiro, cidade onde fica a famosa estátua do autor. É com “Explicação” que o Clube do Alambique faz sua homenagem ao grande poeta que nos embriaga com seus versos.

Explicação


Meu verso é minha consolação.
Meu verso é minha cachaça. Todo mundo tem sua, cachaça.
Para beber, copo de cristal, canequinha de folha-de-flandres,
folha de taioba, pouco importa: tudo serve.

Para louvar a Deus como para aliviar o peito, 
queixar o desprezo da morena, cantar minha vida e trabalhos
é que faço meu verso. E meu verso me agrada.

Meu verso me agrada sempre... 
Ele às vezes tem o ar sem-vergonha de quem vai dar uma cambalhota
mas não é para o público, é para mim mesmo essa cambalhota.
Eu bem me entendo.
Não sou alegre. Sou até muito triste.
A culpa é da sombra das bananeiras de meu pais, esta sombra mole, preguiçosa.
Há dias em que ando na rua de olhos baixos 
para que ninguém desconfie, ninguém perceba 
que passei a noite inteira chorando. 
Estou no cinema vendo fita de Hoot Gibson, 
de repente ouço a voz de uma viola... 
saio desanimado. 
Ah, ser filho de fazendeiro! 
A beira do São Francisco, do Paraíba ou de qualquer córrcgo vagabundo, 
é sempre a mesma sen-si-bi-li-da-de. 
E a gente viajando na pátria sente saudades da pátria. 
Aquela casa de nove andares comerciais 
é muito interessante. 
A casa colonial da fazenda também era... 
No elevador penso na roça, 
na roça penso no elevador. 


Quem me fez assim foi minha gente e minha terra
e eu gosto bem de ter nascido com essa tara. 
Para mim, de todas as burrices a maior é suspirar pela Europa. 
A Europa é uma cidade muito velha onde só fazem caso de dinheiro 
e tem umas atrizes de pernas adjetivas que passam a perna na gente. 
O francês, o italiano, o judeu falam uma língua de farrapos. 
Aqui ao menos a gente sabe que tudo é uma canalha só, 
lê o seu jornal, mete a língua no governo, 
queixa-se da vida (a vida está tão cara) 
e no fim dá certo. 


Se meu verso não deu certo, foi seu ouvido que entortou.
Eu não disse ao senhor que não sou senão poeta?

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Confraria Feminina da Cachaça na TV Gazeta

Hoje Tem cachaça e muito mais! Para quem ainda não viu, colocamos aqui a matéria que o Programa Hoje Tem, da TV Gazeta, fez sobre nossa Confraria Feminina da Cachaça que aconteceu no Restaurante Dona Lucinha, em São Paulo.

Confira a excelente matéria que, além de muita informação sobre cachaça, tem entrevistas com o Clube do Alambique e com nossa amiga e chef de cozinha, Elzinha Nunes. 



Confraria Feminina da Cachaça 


Cachaça tem sabor, qualidade e importância para ser a bebida do planeta. É com isso em mente que o Clube do Alambique trabalha na disseminação da cultura e apreciação do destilado típico de nosso país.

“O propósito da Confraria Feminina da Cachaça é disseminar a cultura da apreciação da bebida, quebrando vários tabus ao mesmo tempo, mostrando que não é só ‘bebida de homem’ e que pode sim combinar com o universo feminino e ambientes requintados”, conta a proprietária do Clube do Alambique, Ariana Gomes de Souza.

A ideia do evento é reunir desde especialista na bebida até leigos no assunto, promovendo a troca de informações, experiências e sensações relacionadas à cachaça. Além de apresentar o universo do destilado aos diferentes tipos de público, a confraria também trará informações sobre harmonização da bebida com diferentes tipos de pratos, seu uso na culinária e em drinques e ainda apresentar os elementos da análise sensorial. Por se tratar de uma bebida complexa, visão, olfato e paladar devem ser utilizados em sua apreciação.

“O evento será um ponto de encontro de pessoas de atividades totalmente diferentes. Realizado em ambiente descontraído, dá a oportunidade das pessoas se conhecerem e visitarem bares e restaurantes ainda desconhecidos. O grande atrativo do evento é o tema inusitado, a cachaça”, conclui a especialista no destilado, Ariana Gomes.

Durante muito tempo, a cachaça foi vista como uma bebida de qualidade inferior, com baixos padrões de produção. Apesar do preconceito ainda existente com relação ao destilado nacional, o produto nunca esteve tão em alta. Hoje, a bebida é saboreada no Brasil e no mundo por pessoas de diferentes classes sociais, gênero e poder aquisitivo. Os apreciadores exigentes descobriram o prazer de degustar uma boa cachaça.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Cachaça vai à balada com sabores e menos álcool

Será que ainda existe quem não acredite na força e versatilidade da cachaça? Se ainda houver alguém assim por aí, basta ler a matéria abaixo, publicada no Jornal Valor Econômico do último dia 22/10.

Além de mostrar o grande espaço que nossa bebida vem conquistando no mercado, a reportagem traz também a enorme variedade de sabores, usos e formas de consumo da cachaça.

É claro que muitas empresas e cachacistas preferem a cachaça tradicional, sem a adição de diferentes sabores, mas uma coisa é fato: com essa estratégia, a bebida conquista novos espaços e adeptos.

E você, opta pela cachaça branca e envelhecida em diferentes madeiras ou é partidário daquelas com adição de diferentes sabores? Comente, compartilhe e siga tomando boas doses conosco!


Cachaça vai à balada com sabores e menos álcool 

Do Valor Econômico
O público jovem está no alvo dos produtores de cachaça, que querem disputar o espaço da vodca nas festas. Para isso, os fabricantes apostam na "cachaça light" - com sabor de frutas e menor teor alcoólico, o que faz o consumidor beber mais e por mais tempo. 

A estratégia é levar a bebida "para a balada", e não apenas em drinques, como a caipirinha. Mesmo que para isso, a rigor, ela deixe de ser cachaça. O Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) define que cachaça deve ter teor alcoólico entre 38º e 54º. As fabricantes Santa Dose e Busca Vida oferecem a nova bebida de teor de álcool menor, de 17,5º, com o nome de "pinga com mel e limão". A Ypióca tem uma versão sabor guaraná de 15º.

"Queremos estar no mesmo universo de [vodca] Smirnoff", diz Bruno Siqueira, diretor da Santa Dose, com sede em São Paulo. As vendas do produto que leva o nome da empresa devem fechar o ano com 40% de crescimento sobre 2011. Para atender à expansão da demanda, a companhia está montando uma segunda linha de produção em Jarinu (SP), que deve começar a operar em 60 dias, com foco nos mercados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A primeira unidade, em Pernambuco, vai concentrar-se em atender o Nordeste e as exportações.

Seus consumidores, segundo Siqueira, têm entre 18 a 35 anos e são mulheres, em sua maioria (85%). "O apelo do [sabor] doce agrada a mulher. Não é machismo, é hábito comprovado", diz ele.

A cachaçaria mineira Seleta não quer ficar de fora desse mercado. A empresa vai lançar, até o Carnaval de 2013, duas linhas de misturas, uma com mel e baru (um fruto do cerrado) e outra com sabor, nas versões limão, maracujá e maçã-verde, além de uma cachaça "branca".

Segundo Ednilson Machado, diretor de marketing da Seleta, a ideia é que a cachaça branca possa competir com a vodca, sendo misturada com energético e sucos. "O mercado de misturas hoje é o que mais cresce", afirma. "Queremos estar na balada, na boate, na festa."

A cachaçaria prevê ampliar as vendas em 20% em volume e 27% em faturamento em 2012, para R$ 23 milhões, diz o diretor-executivo da Seleta, Joelson Lisboa. E também olha para o mercado tradicional. No começo do ano que vem vai lançar uma cachaça premium, mantida em barril de carvalho por sete anos, batizada com o nome do fundador e presidente da empresa, Antonio Rodrigues. Hoje, a companhia possui três marcas - Seleta, Boazinha e Saliboa - voltadas para o consumo em pequenas doses, todas envelhecidas em barril de madeira.

A britânica Diageo, que comprou a cachaçaria Ypióca em maio por R$ 900 milhões, agora estuda ampliar as linhas da bebida com sabores. Maior fabricante de destilados do mundo, a multinacional também é dona da vodca Smirnoff. "A cachaça é uma bebida versátil, que pode ser consumida de diversas formas - seja saborizada, pura, gelada ou como base para drinques, e em várias ocasiões de consumo", disse o diretor de marketing e vendas da Ypióca, Eduardo Bendzius.

Hoje, além da versão sabor guaraná, a marca oferece opções com frutas vermelhas e limão. O público da cachaça com sabores tem, segundo Bendzius, entre 25 e 40 anos e "gosta de consumir drinques rápidos com suco ou refrigerante". A multinacional é dona também da Nêga Fulô, sem sabor.

O aumento da oferta das "cachaças lights" pode ser visto nas gôndolas dos supermercados. Há cinco anos, o Grupo Pão de Açúcar não vendia cachaça com sabor e hoje tem sete versões. Segundo Jorge Pompeu, comprador comercial do grupo, "trata-se de uma categoria recente que vem pegando carona na vodca saborizada".

A Cereser ampliou o portfólio para além da sidra para acompanhar esse movimento: em maio, lançou a 88 Viramel, "cachaça light" também com mel e limão e 17% de graduação alcoólica. O produto "representa a busca por novos consumidores", informa a empresa, "e tem conquistado a preferência de jovens na faixa dos 25 anos". A fabricante, que produz sidra em seis sabores, vai lançar a versão maçã-verde em 2012, e aposta na vodca com limão.

A vodca com sabor é um produto antigo. A francesa Pernod Ricard fabrica a Absolut em 16 versões - oito à venda no Brasil. Segundo a empresa, a de pimentão foi a primeira versão com sabor do mundo, lançada em 1986 (no Brasil, chegou em 1993). Já a Smirnoff, vodca mais vendida no país, tem cinco variações com sabor, além do original.

Apesar do crescimento desse nicho, há marcas que continuam apostando na versão tradicional, como a Espírito de Minas. "Não entraremos nesse mercado de misturas. Reconhecemos que ele é promissor do ponto de vista financeiro e respeitamos quem faz, mas somos uma cachaça já tradicional", diz a diretora de marketing Mariana Mansur. "Não temos a menor intenção de nos desviar dessa linha."

O desenvolvimento das marcas de cachaça ocorre em um momento em que o setor está em alta. O Brasil conquistou este ano o reconhecimento da denominação de origem nos Estados Unidos - agora, só o que é produzido no país sob determinadas regras pode ser considerado cachaça (como champanhe e conhaque, da França, e tequila, do México). Até então, a cachaça era classificada como "rum brasileiro".

A medida fortalece a indústria nacional e deve ajudar a conquistar o reconhecimento em outros países. Além disso, o Brasil está em evidência como sede da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016. Os fabricantes esperam que todos esses fatores contribuam para impulsionar as exportações do produto nos próximos anos.